Eu e a Percussão

É como se fosse um grande amor...uma coisa meia que mutante.

Primeiro como um amigo desconhecido que foi na fase da minha infância, depois como um grande desafio que foi realmente descobrí-la...depois como uma amante que foi estudá-la... seduzi-la...e acabou me seduzindo.

E agora é um grande amor.

Quando estou em um palco, estudando em casa, dando aulas e sento alí pra tocar, é como se eu entrasse em transe.Quando estou em uma roda de candomblé fecho os olhos e procuro sentir a energia dos orixás movida pelas minhas mãos....é como se alí eu tivesse o controle deles...Eu os chamo, eu os esquento, eu os acalmoe eu os mando ir embora....eu simplismente toco pra eles.E eles vem abençoando a todos...isso me faz feliz.

Quando estou em casa estudando começo a tocar e não paro mais...é como se fosse fazer sexo...é como se fosse um grande orgasmo pois imagino um som meio que impossível e tento executá-lo....e quando conssigo...aff....

Na bateria da Vila Isabel todo para colocar as mãos na forma...vou para rever velhos e grandes amigos...grandes mestres.

Quando estou no palco cantando e tocando é como se fosse todos os sentimentos bons reunidos em um só homem...em uma só hora...é o amor, carinho, tesão , alegria...e quando a platéia aplaude aí sim...é a verdadeira felicidade.

Quando a percussão me chama em um show mesmo que eu não esteja tocando minhas mãos coçam...fico suado...louco pra tocar....sedento atras do carinho dos meus naipes e de meus couros.

É tão grande...é tão intenso que eu nem sei o que dizer....eu nem sei o que falar.

Como eu disse uma outra vez...A arte em sua forma mais magistral é o conceito de trocar a sua melhor energia, o seu maior prazer com a sua platéia...e é isso que eu tento fazer.

Faço pois amo....e gosto....assim como amo viver a minha vida da minha forma mais intensa e pedindo a Deus para que eu seja merecedor dos aplausos daqueles que me cercam.

Tunico Ferreira